A oportunidade de ter um filho com T21

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“Um em cada 700 bebés nasce com síndrome de Down. A linguagem é importante. Os pais não têm um risco de 1 em 700 de ter um bebé com síndrome de Down. Os pais têm uma OPORTUNIDADE em 700 de ter um bebé com síndrome de Down (…). A linguagem muda a forma como as pessoas pensam. As palavras contam.” (Caterina Scorsone, atriz na série Anatomia de Grey)

Efetivamente, a linguagem é importante. O que se diz e como se diz determina muitas vezes a forma como o outro processa a informação. Cada filho é único e irrepetivel e a trissomia traz consigo tanta aprendizagem, tanto crescimento interior e, acima de tudo, tanto amor, que não pode ser considerada um risco. É tempo de mudar o discurso. É necessário que se comece a dar ênfase às possibilidades e não às limitações.

Desde cedo percebi que a forma como falo da condição genética da minha filha influencia a forma como os outros reagem à sua existência. Se falo com naturalidade, ela receberá naturalidade. As palavras que uso, fazem diferença, assim como as palavras que os outros usam quando falam dela, também o fazem. Acredito que quem olhe de fora para a Síndrome de Down não consiga ver a mesma coisa que alguém que a vive de perto, por isso mesmo as palavras se revestem de uma importância ainda maior.

E, como mãe de uma criança com síndrome de Down, não poderia concordar mais: a vida presenteou-me com uma grande OPORTUNIDADE. Poucas pessoas podem experienciar um amor tão puro e profundo, capaz de mudar a forma como se encara a vida. Foi com a trissomia que aprendi a ver coisas que nunca vira antes, a valorizar pequenos detalhes e a deixar de lado tantas futilidades que antes me tiravam o sono. Reaprendi o amor pelo próximo e a importância da empatia. É a trissomia que me ensina tanto. Todos os dias.

Aquele cromossoma extra que a minha filha trouxe com ela, não é de todo um risco, mas uma oportunidade de evolução e de valorização da vida humana, porque ela todos os dias nos mostra que a grandeza de uma pessoa não está naquilo que consegue ou não fazer, mas na luta que trava para se superar e na forma como envolve todos em seu redor na imensidão do seu afeto.

E como acredito que as palavras podem realmente mudar o mundo, é importante perceber que a síndrome de Down não é triste. É simplesmente diferente. E perfeita tal como é.

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